Imprensa popular de democrática denuncia: Coronavírus entrou no país sob os auspícios do almirante presidente da Anvisa

Coronavírus entrou no país sob os auspícios do almirante presidente da Anvisa
31/03/2020

O posicionamento de Bolsonaro em 24 de março minimizando os feitos da epidemia de coronavírus no Brasil e defendendo o retorno à vida normal gerou uma comoção nacional por estar na contramão das recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da experiência em outros países, onde a não decretação da quarentena gerou uma enxurrada de casos muito acima do que o sistema de saúde poderia atender. Na Itália, os idosos acima de 80 anos já não recebem tratamento adequado e morrem à míngua.

Entretanto, fica parecendo que a mudança de rumo do governo Bolsonaro/generais apenas se deu neste exato momento, pois antes estava tomando as medidas necessárias. O que seria tapar os olhos para a realidade de destruição do Sistema Único de Saúde (SUS) que o governo federal tem acelerado ao desmontar a atenção básica e os hospitais do Ministério da Saúde.

O que pouco se tem falado, tanto na mídia corporativa monopolista quanto em inúmeros posicionamentos de entidades de saúde é: diante da clara ameaça de introdução do coronavírus no Brasil, o Ministério da Saúde tomou as precauções necessárias? Se preparou para uma emergência?

A primeira medida, correta, foi quando o vírus estava circulando na China, impondo uma quarentena de 14 dias para brasileiros vindo desse país entre 9 e 23 de fevereiro. Só que em 31 de janeiro de 2020 a OMS já havia declarado Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional. Para os passageiros vindos de outros países foi feito o mesmo? Na segunda quinzena de fevereiro o vírus já circulava em vários países, alguns de grande fluxo de brasileiros, como a Itália, a Espanha e o Estados Unidos.

O que fez a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) responsável pela vigilância de saúde de portos e aeroportos? Em 11/02/2020 recomendava, no seu portal, o uso de equipamentos de proteção individual nos trabalhadores de portos que tinham contato direto com viajantes provenientes… da China. Para os demais, nenhum controle. A investigação de casos suspeitos só havia se o passageiro declarasse sintomas.

O primeiro caso de coronavírus no Brasil foi de um brasileiro que esteve no norte da Itália entre 9 e 21 de fevereiro. Mesmo em março, brasileiros que chegavam no aeroporto de Guarulhos enfatizavam a displicência com que se davam informações aos passageiros que voltavam da União Europeia e do Estados Unidos, onde a situação da epidemia já estava manifesta. Na semana entre 9 e 13 de março, quando o Ministério da Saúde discute a implantação do isolamento social, a Anvisa mantinha sua postura de inspecionar os voos vindos apenas da China! Quantos voos são provenientes da China e quantos provenientes da Itália, Espanha e do Estados Unidos? A 18 de março, o governo Bolsonaro/generais fecha a fronteira com a Venezuela, uma medida ideológica pois, mesmo em 29/03, o país possuía poucos casos de coronavírus. Apenas em 23 de março a Portaria 133 de Casa Civil impediu entrada de passageiros vindos da União Europeia e países da Europa ocidental, ademais da Austrália, Irã, Japão, Malásia e Coréia, além da China. Porque não do Estados Unidos que, em 27 de março, lidera os casos no mundo com 101.657 pessoas infectadas, de acordo com portal da Johns Hopkins University?

Em 14 de março o pusilânime Ministro da Saúde baixa uma medida de isolamento de sete dias para todo viajante que chegasse ao país, mesmo assintomático, e suspensão da entrada de passageiros de cruzeiros marítimos. Sob pressão de Bolsonaro e do seu almirante da Anvisa, ele recua.

Os países mais exitosos até então no controle da velocidade de propagação da epidemia, como Coréia do Sul e Cingapura, fizeram controles muito rígidos dos casos importados, impondo quarentenas e testes diagnósticos de casos sintomáticos e comunicantes. Destaque para Cuba que registrou apenas três casos em turistas italianos em 12/03; em 20/03 fechou suas fronteiras para fluxo de passageiros. Observa-se, ainda, um pequeno número de casos com respeito a sua população em países do Leste Europeu e Rússia que também fecharam as fronteiras para estrangeiros. A China, com medo do retorno de casos importados, fecha a fronteira em 28/03.

Alguns poderão dizer que o leite já derramou e que os casos sobem vertiginosamente.

O que nos interessa aqui é observar que, no controle de fronteiras, o desleixo e a inoperância da Anvisa (presidida por um almirante) foi grande, quando se constatou que os primeiros casos no Brasil vieram de fora, em fevereiro, destacadamente da Itália e do Estados Unidos (veja a comitiva presidencial no início de março, que parece ter espalhado o vírus para o Distrito Federal, região com bastante casos no Brasil). Porque isso deve ter ocorrido?

Certamente o que esteve por trás foram os interesses do setor de turismo brasileiro, companhias aéreas, hotéis, cruzeiros marítimos, a qual o governo Bolsonaro empenha seus préstimos e que não deixará, inclusive, sofrer prejuízos, já que para as aéreas anunciou, de imediato, pacote de ajuda.

Antonio Barras Torres participou ao lado de Bolsonaro das manifestações pró-governo do dia 15 de março. Foto: Redes Sociais

Debochar agora de outras medidas de controle, acabando com a quarentena, não se preparando para o aumento vertiginoso do número de casos que necessite de internação, não botando o Exército para fazer hospitais de campanha (pois isso eles são obrigados a saber) sob o pretexto de salvar a economia, ou seja, “salvar” a superexploração do trabalhador e a subjugação nacional, é repetir o mesmo erro da fase anterior quando os casos podiam ser barrados nos aeroportos. Estará esse governo militar de Bolsonaro/generais coordenando esforços para redirecionar e intensificar a produção das fábricas de equipamentos de proteção individual e materiais médicos para fazer frente às necessidades dos hospitais? Não está.

Bolsonaro e generais estão brincando com fogo. As ameaças de saques por parte da população faminta sem renda aceleraram a Câmara na aprovação da renda emergencial para a população informal. Mas falta o Senado e a promulgação do governo federal. Quanto tempo durará para a burocracia exigida permitir que o benefício chegue na casa de quem precisa? Os politiqueiros de plantão usarão esse benefício e a expansão do Bolsa Família, também prometida, para ampliar suas bases eleitorais visando a próxima eleição?

O que o povo fará quando não conseguir internar seus familiares será o próximo capítulo.

Nota:

*Presidente do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos (Cebraspo) e Professora Adjunta da Faculdade de Medicina e do Instituto de Estudos de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

VEJA A MATÉRIA AQUI: https://www.anovademocracia.com.br/noticias/13194-coronavirus-entrou-no-pais-sob-os-auspicios-do-almirante-presidente-da-anvisa

PERSEGUIÇÃO NA SAÚDE: MÉDICO TRANSFERIDO DO PRONTO SOCORRO JOÃO PAULO II

Médico Emergencista que se destacou em estudo sobre Covide-19 é transferido da Unidade por perseguição política. O secretário estadual quer esconder o caos na saúde de Rondônia.

(A denúncia também pode ser encontrada na página do Jornal A Nova Democracia aqui: https://anovademocracia.com.br/noticias/13196-perseguicao-na-saude-medico-transferido-do-pronto-socorro-joao-paulo-ii)

A transferência do Médico Vinícius Ortigosa Nogueira, Ex-Coordenador Médico da Urgência e Emergência do HEPSJPII (Pronto socorro João Paulo II) trata-se de uma retaliação pelas críticas feitas às medidas ineficientes do Secretário Estadual de Saúde Fernando Máximo. O médico Vinícius Nogueira, também é Professor Auxiliar de Medicina de Emergência da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) e nos últimos meses se destacou por apontar os impactos da pandemia do Covide-19 na saúde pública de Porto Velho. O Secretário Estadual de Saúde, Fernando Rodrigues Máximo, de forma sumária, sem qualquer diálogo com o profissional, o transferiu do Pronto Socorro João Paulo II para o Hospital de Medicina Tropical de Rondônia – CEMETRON.

O médico Vinícius Ortigosa Nogueira, havia apresentado uma análise que contribuiu para Plano de Contingência do COVID-19, junto ao Tribunal de Contas do Estado de Rondônia – TCE/RO e ao Conselho Regional de Medicina de Rondônia – CREMERO. Ao destacar a letargia do poder público estadual em prover seguranças e ações efetivas de enfrentamento à pandemia e criticando governistas que afirmam se tratar de uma “gripezinha”, feriu o ego do Secretário Fernando Máximo e do gerente estadual Marcos Rocha, asseclas de Bolsonaro.

Nogueira, defendeu, publicamente, que era preciso, “Garantir provisionamento de máscaras (cirúrgica e N-95), luvas, aventais impermeáveis, gorros, óculos de proteção suficientes para os profissionais e pacientes; Garantir de imediato, a proporção de 1 ventilador mecânico para leito novo habilitado (verificar VM em estoque, ventiladores de transporte e carros de anestesia em cada hospital); Garantir bombas de infusão e equipos, monitores multiparamêtricos, com capnógrafo, sistemas de aspiração fechado, cateter venoso central, sonda nasoenteral e vesical, cateteres venosos centrais; cateter nasal e máscara com reservatório”. Denunciou ainda que, com uma população de 519 mil habitantes, Porto Velho tem apenas 124 leitos de UTI e por fim defendeu a necessidade de “Trazer profissionais de outras especialidades e áreas para que atuem em força tarefa junto a equipe de UTI, em especial os médicos-emergencistas; Avaliar abertura de processo seletivo emergencial para médicos, enfermeiros, técnicos, fisioterapeutas e nutricionistas; Garantir treinamento prévio e EPI´s para as equipes assistenciais”. Estas medidas contrariam o viés privatista que orienta a política do governo federal e do governo estadual de entrega do Sistema Único de Saúde para a iniciativa privada.

TRANSFERÊNCIA DE SERVIDORES, EXONERAÇÕES DE CARGO DE CHEFIA E INTERESSES POLÍTICOS.

Nada de “nova política”, mas o velho toma-lá-dá-cá com a ocupação de cargos comissionados e de chefia por apadrinhados políticos sem qualquer qualificação. Foi assim, com a advogada, Paola Ferreira da Silva Longhi Neiva, nomeada como diretora do Laboratório Central de Saúde Pública de Rondônia (LACEN). Paola é namorada do filho do Deputado Estadual Ezequiel Neiva (PTB), já está recebendo o salário de R$ 6 mil reais, onde nunca desempenhou nenhuma atividade no ramo da ciência e pesquisa. Sua nomeação foi apenas acordo da velha política entre o Governador Marcos Rocha, o Secretário Fernando Rodrigues Máximo e o Deputado Ezequiel Neiva.

De modo similar, a enfermeira Sandra Maria Petillo Cardoso, cedida pelo Município de Porto Velho, já estava à disposição do secretário estadual de saúde e foi agraciada com nomeação de cargo de Diretor-Geral Adjunto, do Hospital de Pronto Socorro João Paulo II, conforme Decreto de 15/01/2020, a contar de 8 de janeiro de 2020, com uma gorda remuneração de Cargo de Direção Superior, símbolo CDS-12, de R$7.173,80. Inúmeros profissionais, contudo, atestam a incapacidade técnica de tal enfermeira, que foi agraciada pelo compadrio e que, às cegas, seguirá as orientações do secretário estadual de saúde. As mudanças em diversos cargos de direção, nomeações e transferências, agraciam os que congregam no obscurantismo religioso, como a Assessora Aurea Pinheiro Scarponi, inclusive para fazer uso ao bel prazer de cartões corporativos do Estado.

Há inúmeras transferências de servidores, troca de chefias que visam, ao que apuramos, esconder as reais condições precárias da saúde pública estadual, bem como restringir o acesso às informações acerca da pandemia do Coronavírus em Rondônia. As medidas tomadas pelo Secretário Estadual de Saúde Fernando Máximo e o governador Marcos Rocha, como a restrição de informações e a comunicação ao estilo Bolsonaro de se comunicar por “lives”, visam apenas a promoção pessoal para se capitalizar eleitoralmente, menosprezando os impactos da pandemia que atingirá, sobretudo, a população mais pobre.

MOCLASPO – Rondônia

http://apps.portovelho.ro.gov.br/transparencia/pessoal/funcionarios/28151 

http://www.diof.ro.gov.br/data/uploads/2019/12/DOE-23.12.2019.pdf

https://ppe.sistemas.ro.gov.br/Diof/Pdf/1690

http://www.diof.ro.gov.br/data/uploads/2020/03/%E2%80%8ESem-t%C3%ADtulo.pdf

 

 

 

PORTO VELHO/RO: PROFISSIONAIS DA SAÚDE DENUNCIAM PRECARIEDADE E PERSEGUIÇÕES NO JOÃO PAULO II

NOTA DE REPÚDIO DE FUNCIONÁRIO DO JOÃO PAULO II DENUNCIA PERSEGUIÇÃO A ENFERMEIROS, MÉDICOS E OUTROS PROFISSIONAIS

Uma Nota de repúdio dos trabalhadores do Pronto Socorro Estadual João Paulo II, o único hospital público de emergência da capital rondoniense, denuncia perseguições a profissionais por parte do Secretário Estadual de Educação Fernando Máximo. A principal denúncia é a de que mais uma vez o referido secretário, remove funcionários experientes, num momento de grave crise na saúde pública com a pandemia do Covid 19. Os trabalhadores do João Paulo II afirmam que de forma leviana, dissimulada e covarde, o Secretário Fernando Máximo, remove sumariamente trabalhadores, sob a alegação de que os transferidos irão combater o Covid 19 em outras unidades.

A Nota de repúdio aponta como exemplo, além das transferências de “servidores da sala de emergência” e de outros setores, denuncia o caso específico do Enfermeiro Josué Sicsú, que de forma sumária foi transferido da Unidade onde desempenhou suas funções há 16 anos e que por levantar argumentos contrários a ação irresponsável dos atuais gestores da saúde em Rondônia. Afirmam ainda que “A atitude da atual gestão é totalmente arbitrária” e que “Não nos esqueçamos que as remoções não podem encobrir vícios à impessoalidade (perseguições ou privilégios), nem à finalidade (atendendo-se interesse particular em vez de atender o interesse público”. O Secretário já havia sido denunciado por perseguição ao transferir o Médico Vinícius Ortigosa Nogueira, por este ter manifestado de forma crítica as medidas ineficientes adotadas pelo secretário contra a pandemia do Covid 19. O secretário Fernando Máximo, de forma irresponsável, transferiu o único médico emergencista titulado de Rondônia, da única unidade de emergência que atende todo o Estado.

Os profissionais de saúde denunciam ainda que o Secretário Fernando Máximo, além de encobrir a precariedade do atendimento no Pronto Socorro João Paulo II, também “entrega o hospital a uma nova gestão, que nada sabe sobre os problemas existentes no hospital”. Os trabalhadores concluem a nota de repúdio conclamando o respeito à população rondoniense e aos profissionais da saúde, afirmando que não se calarão e nem se intimidarão.

MOCLASPO – Rondônia